Igreja e Torre dos Clérigos (Parte II)

Igreja e Torre dos Clérigos (Parte II)

A construção da igreja colocava alguns problemas interessantes, a que Nasoni soube responder com soluções criativas e indubitavelmente eficazes.
A dificuldade maior prendia-se com o formato o lote, longo mas estreito.

Para tirar pleno partido desta situação, Nicolau Nasoni rejeitou a formula usada tradicionalmente em Portugal de colocar as torres na fachada e retirou-as antes para as traseiras, libertando assim espaço na frente da igreja (o projecto inicial incluía duas torres, solução depois substituída por uma só torre).
Ao mesmo tempo a inclinação da rua, hoje dos clérigos confere uma grande verticalidade à fachada, efeito sublinhado pela rotação do seu eixo em relação à rua.
Por fim, Nicolau Nasoni conferiu à torre enorme altura (75 metros) e decorou-a com grande variedade de formas atribuindo-lhe o protagonismo do conjunto.

A conjugação de todos estes factores dá lugar a um incontornável efeito de monumentalidade.
A originalidade do projecto mantém-se no interior da igreja. Aqui, ao corpo rectangular da fachada segue-se a nave única de planta oval, solução rara no contexto da arquitectura portuguesa.
Na verdade a nave é composta por duas paredes separadas por um corredor.

A parede exterior faz com que, quando vista de fora, a nave pareça um polígono alongado de lados menores arredondados. Pelo contrário, a parede interior corresponde a uma verdadeira elipse, verticalmente ritmada pela utilização de grandes pilastras de ordem compósita, entre as quais se abrem portas, janelas e altares.

A capela-mor é rectangular e liga o corpo da igreja à casa dos clérigos, por sua vez ligada à torre, ultimo elemento desta progressão de volumes cada vez mais estreitos, acompanhando a definição do terreno.
O granito profusamente decorado cobre a fachada principal e a torre, enquanto nas fachadas laterais é apenas usado para elementos estruturais (pilastras e entablamento), portas e janelas.

Assim se estabelece uma hierarquia visual de volumes. No interior da igreja, a decoração é rica e abundante em efeitos policromáticos, conjugando-se a pedra, a talha dourada e a pintura.


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